92 líderes ESG à solta em Lisboa: a verdade chocante sobre a sustentabilidade empresarial em Portugal

92 líderes ESG

92 líderes ESG à solta em Lisboa: onde pára a sustentabilidade empresarial?

Um encontro inédito tomou conta de Lisboa: 92 líderes ESG de 72 empresas reuniram-se no metro para debater sustentabilidade. O cenário parecia simbólico – executivos de fato e gravata a partilhar carruagens com cidadãos comuns. Mas a grande questão ficou no ar: será que as empresas portuguesas estão realmente comprometidas com a sustentabilidade ou tudo não passa de marketing verde?

O encontro secreto do metro de Lisboa

O evento, organizado pelo BCSD Portugal, começou no auditório da estação do Alto dos Moinhos. De lá, os líderes embarcaram no metro, percorrendo diferentes paragens que escondiam debates sobre finanças sustentáveis, cadeia de valor, biodiversidade, alterações climáticas, economia circular e diversidade.

Mas, por trás do glamour e da simbologia, ficou a sensação de que muitas promessas não passam de papel.

Mind The Gap: a metáfora explosiva

A presidente do BCSD, Rita Nabeiro, foi clara: “Assim como no metro de Londres se avisa para o gap entre o cais e o comboio, também nós precisamos de estar atentos às falhas entre visão e prática, entre ambições e resultados”.

Traduzindo: as empresas falam muito, mas entregam pouco.

As falhas gritantes da sustentabilidade empresarial

Clima, diversidade, inclusão, economia circular… a lista de gaps não para de crescer. Apesar de relatórios vistosos e campanhas de marketing verde, a realidade é que muitos compromissos ESG correm o risco de nunca sair do papel.

Rita Nabeiro dispara alertas

Para Nabeiro, vivemos uma fase de retrocesso: líderes globais já falam menos sobre urgência climática. E ela não poupou críticas: sem ação concertada, as promessas ESG morrem nos relatórios anuais.

O desânimo de 2025

Segundo Filipa Pantaleão, secretária-geral do BCSD, 2025 foi “um ano desanimador” para quem trabalha com ESG. Depois do hype de 2024, o pacote europeu Omnibus enfraqueceu exigências regulatórias. Resultado: muitas empresas voltaram atrás nos compromissos.

Desafios enfrentados pelas empresas

Entre os temas mais discutidos no metro:

  • Reporte e métricas – como tornar dados ESG confiáveis.

  • Pegada de carbono – especialmente nas emissões indiretas (âmbito 3).

  • ROI da sustentabilidade – calcular retorno financeiro de ações verdes.

O impacto das finanças sustentáveis

No BNP Paribas, líderes debateram green bonds e empréstimos KPI-linked. Empresas que atingem metas ESG pagam menos juros. Mas há um problema: muitas não têm dados confiáveis para provar os avanços.

O caso Fujitsu e a blockchain verde

A Fujitsu apresentou uma solução revolucionária: um passaporte digital para produtos via blockchain. A tecnologia permite rastrear a origem, o transporte e até como descartar cada item.

Mas os próprios líderes admitiram: o risco de greenwashing continua real.

A polémica do greenwashing

Com tantas plataformas, relatórios e indicadores, cresce a suspeita: empresas usam o ESG mais para marketing do que para mudança real. O evento mostrou avanços, mas também contradições gritantes.

Biodiversidade em debate

Nos jardins da Gulbenkian, a biodiversidade ganhou palco. “Qualquer negócio está ligado à natureza”, lembrou Paulo Pereira, COO da NBI. Mas empresas de restauração e construção admitiram dificuldades em implementar medidas reais – da compra de alimentos locais à redução de pegada carbónica.

Histórias reais dos líderes presentes

  • Sandra Matos (Proef): defende cálculo do ROI da sustentabilidade.

  • Guilherme Camello (Saint-Gobain): aposta em roadmap de pegada de carbono.

  • Sílvia Pacheco (Fujitsu): apresentou blockchain ESG.

  • Sara Pais (auditora): enfrenta clientes que não sabem como reportar.

O networking por trás do evento

Para muitos, o grande benefício não foi o debate – mas sim o networking. Empresas aproveitaram para criar parcerias, trocar contactos e até comparar estratégias. ESG ou oportunidade de negócio?

As críticas ao pacote Omnibus

O pacote europeu Omnibus gerou revolta entre os presentes. Muitos consideram que foi um retrocesso: em vez de reforçar a sustentabilidade, acabou por simplificar regras e abrir brechas para empresas relaxarem compromissos.

O futuro da sustentabilidade empresarial em Portugal

A dúvida persiste: Portugal caminha para uma transformação real ou para uma encenação verde? Enquanto alguns líderes falam em revolução ESG, outros admitem que ainda estão presos em planilhas, sem aplicação prática.

❓ FAQ – ESG e sustentabilidade empresarial

  1. O que significa ESG?
    Environmental, Social and Governance – critérios de sustentabilidade empresarial.

  2. As empresas portuguesas estão realmente a aplicar ESG?
    Muitas ainda estão em fase de discurso, sem impacto prático real.

  3. Quais os maiores desafios de ESG em Portugal?
    Reporte, pegada de carbono, economia circular e diversidade.

  4. ESG dá retorno financeiro para empresas?
    Sim, através de reputação, acesso a crédito e incentivos fiscais.

  5. Greenwashing é comum em Portugal?
    Especialistas acreditam que sim, e alertam para relatórios pouco transparentes.

  6. ESG é obrigatório em todas as empresas?
    Ainda não, mas empresas de grande porte já são pressionadas por reguladores e investidores.

O encontro dos 92 líderes ESG em Lisboa mostrou duas faces da moeda: de um lado, discursos inspiradores e inovações tecnológicas; do outro, um perigoso abismo entre o que se promete e o que realmente se faz.

A pergunta que fica é direta: a sustentabilidade empresarial em Portugal é compromisso real ou apenas um espetáculo verde para inglês ver?

Leia também:

Multinacional da Finlândia com 19.000 Vagas Recruta em Portugal – Saiba Como se Candidatar! – Empregos em Portugal

Empregos em Luxemburgo: Rede de Concessionárias Recruta! – Empregos em Portugal

Aumento da Procura Impulsiona Ampliação de Vagas para Formação de Imigrantes no Turismo – Empregos em Portugal

Miriam Aryeh é especialista em jornalismo digital com foco em mercado de trabalho e qualidade de vida em Portugal. Apaixonada por pesquisa e escrita, dedica-se a produzir conteúdos claros, objetivos e acessíveis para quem busca oportunidades no exterior. No empregosemportugal.com e no moraremportugal.com, Miriam é responsável por selecionar pautas relevantes, revisar artigos e garantir que todas as informações estejam atualizadas e de acordo com as tendências mais recentes sobre emprego, imigração e vida em Portugal. Com experiência em redação jornalística e marketing de conteúdo, seu objetivo é ajudar brasileiros e estrangeiros a tomarem decisões seguras ao planejar uma nova vida em território português.

Publicar comentário