Barreiras à adoção de IA em empresas: o desafio que trava Portugal
As barreiras à adoção de IA em empresas portuguesas estão a tornar-se um obstáculo perigoso para a competitividade nacional. Apesar da corrida global pela inteligência artificial, gigantes como Visabeira e PLMJ admitem enfrentar dificuldades sérias: desde a medição dos retornos até à escassez de talento jovem saído das universidades.
A promessa da IA é transformar negócios, mas será que as empresas em Portugal estão preparadas ou presas num labirinto de resistência e falta de visão?
Medição de retornos: um entrave real
Uma das principais barreiras à adoção de IA em empresas é medir os resultados.
Segundo Paulo Soeiro Ferreira, da Visabeira, não existem KPIs claros que demonstrem os ganhos financeiros das soluções horizontais de IA.
Produtividade vs EBITDA
Na produção industrial, os números são mais evidentes: eficiência aumentou até 15% em algumas linhas. Mas quando se trata de ferramentas transversais, como IA aplicada a produtividade administrativa, os resultados tornam-se difusos e difíceis de quantificar.
Escassez de talento qualificado
Outro travão crítico nas barreiras à adoção de IA em empresas é a falta de talento especializado.
Pedro Lomba, sócio da PLMJ, foi direto: as universidades ainda não estão a formar profissionais preparados.
Advogados e engenheiros sem preparação
“Os jovens chegam sem competências básicas em IA”, alerta. O ensino superior só começa agora a incluir formações pós-graduadas, mas, tal como nos anos 80 com a informática, a aprendizagem ainda é informal e desestruturada.
Resistência interna nas empresas
As barreiras à adoção de IA em empresas também são internas.
O bloqueio das camadas intermédias
Paulo Soeiro Ferreira não escondeu a realidade: “As camadas intermédias tentam parar. É a natureza humana, que quer que o dia de hoje seja igual ao de ontem.”
Gestão autocrática
Muitas empresas portuguesas ainda vivem sob gestão centralizada: um dono no topo e departamentos que apenas obedecem. Se o líder não acredita em IA, a inovação morre antes de nascer.
Experiência da Visabeira
A multinacional já criou um organismo interno para avaliar a implementação da IA. No setor industrial, os ganhos são visíveis, mas a mudança cultural continua a ser o maior obstáculo.
Experiência da PLMJ
A sociedade de advogados aposta em analisar dados jurídicos massivos, mas adota IA de forma cautelosa, sempre testando ferramentas internamente antes de contratá-las. O objetivo: evitar riscos de soluções imaturas.
O papel do board na transformação
Tanto PLMJ quanto Visabeira confirmam: sem apoio do board, não há IA. A transformação precisa ser top-down, pois a resistência das camadas intermédias trava qualquer tentativa bottom-up.
Regulamentação europeia e riscos
Com a chegada do regulamento europeu da IA, surge outra barreira à adoção de IA em empresas: a incerteza jurídica.
A Anacom como regulador da IA
O Governo nomeou a Anacom como entidade coordenadora, mas especialistas alertam: não há ainda sanções definidas. Sem punições claras, muitas empresas podem continuar a ignorar regras.
O que dizem os especialistas
Conselhos diretos deixados no painel:
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Apoio incondicional do board.
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Infraestrutura robusta para suportar dados.
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Pessoas capacitadas como pilar central.
O futuro da IA em Portugal
Entre o hype e a realidade, as barreiras à adoção de IA em empresas podem definir quem prospera e quem desaparece. O compliance, defendem os especialistas, deixará de ser burocracia para se tornar vantagem competitiva.
❓ FAQ – Barreiras à adoção de IA em empresas
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Quais são as principais barreiras à adoção de IA em empresas?
Medição de retornos, escassez de talento e resistência interna. -
As universidades portuguesas estão preparadas?
Ainda não. A oferta é limitada e insuficiente para a procura do mercado. -
A resistência vem de onde?
Das camadas intermédias e de gestores que não acreditam na tecnologia. -
A regulamentação da IA já está em vigor?
Sim, mas ainda sem sanções claras em Portugal. -
Quais setores estão mais avançados na IA?
Indústria e advocacia estão a dar os primeiros passos, mas com cautela. -
O compliance pode ser uma vantagem competitiva?
Sim, empresas que cumprirem as regras terão mais credibilidade e espaço no mercado.
As barreiras à adoção de IA em empresas em Portugal são reais e perigosas: falta talento, faltam métricas e sobra resistência. Mas ignorar a IA não é opção.
A questão é: as empresas portuguesas vão romper os bloqueios ou ficar condenadas à irrelevância digital?
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